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Ano de São José - Tempo de recordar e invocar a proteção de São José sobre toda a Igreja


Por meio da Carta Apostólica “Patris corde – Com coração de Pai”, o papa Francisco faz um convite especial a todos os católicos. A Igreja começa a viver um ano dedicado a São José. Trata-se de um presente especial do Santo Padre e um convite para que conheçamos mais o pai adotivo de Jesus. A iniciativa acontece por ocasião dos 150 anos de declaração do Esposo de Maria como Padroeiro da Igreja Católica. O Ano Josefino começou oficialmente no dia 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição, e se concluirá na mesma solenidade, em 2021.

 

Entrevistado pelo L’Osservatore Romano, o regente da Penitenciaria Apostólica, Dom Krzysztof Józef Nykiel, disse que é muito oportuno viver um ano dedicado a São José para marcar os 150 anos da promulgação do decreto da Sagrada Congregação dos Ritos do Quaemadmodum Deus, com o qual o Beato Pio IX, em 1870, declarou São José, Padroeiro da Igreja universal. Naquela época, a Igreja vivia momentos difíceis, conforme relatou o regente. “Sabemos que na época de Pio IX, a Igreja vivia um dos períodos mais atormentados de sua história. Foi logo depois da tomada de Roma e o fim do poder temporal dos papas. Naquele contexto dramático, o papa Pio IX sentiu a necessidade de declarar solenemente o patrocínio de São José a todo o povo de Deus, daquele humilde carpinteiro de Nazaré, que fora escolhido por Deus para ser o guardião de seu Filho e o esposo da Virgem Maria”, afirmou. Ele também explicou o sentido de celebrar hoje o Ano Josefino: “Celebrar este aniversário com um Ano especial a São José, como o papa Francisco proclamou, significa, recordar e invocar sempre a proteção especial do esposo de Maria sobre toda a Igreja, afligida hoje, não menos do que então, por ataques materiais e feridas espirituais. Para que neste ano, todos os fiéis possam fortalecer diariamente sua vida de fé no pleno cumprimento da vontade de Deus”, completou.

 

Dom Nykiel enfatizou que o Ano de São José tem tudo a ver também com o atual momento por que passa o mundo com a pandemia do coronavírus que já se estende por quase um ano. “Certamente, invocar o patrocínio de São José à Igreja universal significa, antes de tudo, elevar a ele pedidos de intercessão para pôr um fim a esta pandemia, que está causando tanto sofrimento e dor em todo o mundo, tanto em termos de vítimas como de doentes, assim como em suas pesadas consequências sociais e econômicas”. O bispo também fez comentários sobre as indulgências que serão concedidas durante esse ano especial. “No texto do decreto é feita uma menção especial àqueles que, devido às consequências do contágio, estão impossibilitados de preencher as condições para receber indulgência (os idosos, os doentes, os moribundos). Confiando na intercessão de São José, no conforto dos doentes e do santo padroeiro da boa morte, a indulgência se estende a todos eles se, com espírito desapegado de qualquer pecado e com a intenção de cumprir as condições o mais rápido possível, recitarem um ato de misericórdia em honra do Santo”.

Indulgências plenárias no Ano Josefino

Durante o Ano de São José, as indulgências plenárias serão concedidas aos fiéis que, além das condições habituais previstas pela Igreja, praticarem cinco atos particulares de piedade ou obras de caridade ligadas ao modelo representado pelo pai de Jesus.

 

Condições habituais

  • - Confissão Sacramental
  • - Comunhão Eucarística
  • - Oração nas intenções do Santo Padre, o papa
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Atos de piedade ou Obras de Caridade

  • - Abrir-se à vontade de Deus
  • - Meditar ou participar de um retiro espiritual
  • - Fazer-se instrumento de justiça e misericórdia do Pai através da realização de obras de misericórdia corporais e espirituais, como José, o “homem justo” (Mt 1, 19).
  • - Recitar o Santo Terço
  • - Santificar o próprio trabalho confiando-o à intercessão de São José ou rezar por aqueles que são privados de uma ocupação digna. Rezar pelos que sofrem formas de perseguição através da oração das ladainhas a São José ou outras fórmulas de oração próprias dos ritos das Igrejas Orientais.

 

Segundo Dom Nykiel, o objetivo de toda concessão de indulgência “é apoiar os fiéis em sua luta contra o pecado e as forças do mal, estimular a caridade fraterna, despertar a esperança de uma reconciliação plena com Deus Pai, fomentar o espírito de piedade e o fervor da caridade”. Ele ressaltou, porém, que a indulgência não é uma espécie de automatismo que está desligado da vida cristã. “A indulgência é a própria vida cristã, é sua expressão e seu ápice. A intenção da Igreja é, precisamente, levar os fiéis a uma intimidade cada vez maior com seu Senhor. No caso particular do Ano de São José, cada fiel é convidado a olhar para a figura do carpinteiro de Nazaré para aprofundar àqueles aspectos da relação com Deus que o exemplo de São José inspira de uma forma particular. A figura do santo não saiu de forma alguma de moda, e é de fato tão relevante como sempre em nosso tempo, como recordado, entre outros, por São João Paulo II e, mais recentemente, pelo papa Francisco”.

 

São José e os “Josés” dos nossos dias

Conhecer São José no plano salvífico de Deus é imprescindível. Por meio deste ano especial que começa, a Igreja quer chegar ao coração de todos os católicos. Celebrar o Ano de São José é dar atenção especial ao sim do pai adotivo de Jesus, que muitas vezes não é reconhecido, como o sim de Maria. Com o sim de José, o plano salvífico foi levado adiante e a palavra de Deus deixa claro as dificuldades que ele enfrentou ao receber o anúncio de que sua futura esposa estava grávida, embora não tivesse tido contato algum com homem. Essa foi apenas a primeira dificuldade. Mas como homem justo, José aceitou todos os percalços e seguiu adiante, obedecendo a Deus. A propósito, o termo “homem justo”, raríssimo na Bíblia, quer dizer “santo”. Trata-se de um atributo reservado somente a Deus (Ecle 7,20). Isso revela muito sobre a integridade, os valores e a santidade de vida de José, que era fiel à lei, observador dos mandamentos e preceitos da Torah.

Na vida cotidiana, José era homem pobre, com poucos recursos. Tinha a carpintaria como profissão, mas ganhava pouco e vivia a angústia de muitos pais de família de todos os tempos da história: não tinha recursos necessários para dar conforto e segurança à família. Se não bastasse toda a miséria que viveu até o nascimento de Jesus, José também se tornou migrante com a família. Nas terras estrangeiras do Egito, certamente, viveu a angústia de procurar emprego e não encontrar. Assim, ofereceu o mínimo para os seus. Em sua carta “Patris Corde”, Francisco lembra de tantos pais que não conseguem oferecer o básico aos seus familiares. A carta também indica que Jesus não nasceu pronto, mas foi aprendendo gradualmente, assistido por um pai presente. Sobre isso, o papa adverte acerca das dificuldades de tantos pais ausentes que não conseguem acompanhar a vida dos filhos por uma série de fatores.

 

Por fim, neste Ano de São José, esse santo que teve a maior parte de sua vida oculta, tem muito a ensinar à sociedade de hoje. O papa, porém, lembra, sobretudo neste tempo de pandemia, dos homens e mulheres que arriscam suas vidas para cuidar e proteger as pessoas vítimas desta enfermidade. A Carta Apostólica “Patris Corde” merece ser lida por todos os católicos e o Ano de São José ser vivido intensamente, na busca de conhecer profundamente esse homem justo que, mesmo sem compreender tudo, acolheu tudo.

 

 

Fúlvio Costa, com informações do Vatican News e da CNBB