Neste ano de 2018,
celebra-se o Ano Nacional do Laicato então a Paróquia Nossa Senhora do Carmo,
realizará durante cada mês até novembro de 2018 um mês dedicado a uma Pastoral
ou Movimento pertencente à Paróquia. No qual será uma conscientização,
esclarecimentos e informações, além de ter uma missa em ação de graças aos
membros da pastoral ou movimento.
No de mês de Fevereiro,
dedicamos um mês em Ação de Graças aos membros da Pastoral da Acolhida e da
Pastoral da Saúde.
Data da Missa em ação de Graças para os membros da Pastoral:
- Pastoral da Saúde – 25 de Fevereiro de 2018 às 19h.
PASTORAL DA SAÚDE
1.
O que é a Pastoral da Saúde?
A Pastoral da
Saúde é a ação evangelizadora de todo o povo de Deus, comprometido em promover,
preservar, defender, cuidar e celebrar a vida, tornando presente no mundo de
hoje a ação libertadora de Cristo na área da saúde. Tem como objetivo
“evangelizar com renovado ardor missionário o mundo da saúde, à luz da opção
preferencial pelos pobres e enfermos, participando da construção de uma
sociedade justa e solidária a serviço da vida” (GPS, 2010, n. 89). É uma ação
solidária que ultrapassa os limites pessoais e familiares, pois deve se
estender para a ação comunitária. Deve atingir a luta pelos direitos
fundamentais no campo da saúde. Deve trabalhar a saúde integral e integrada. A
tarefa da Pastoral da Saúde é promover, cuidar, defender e celebrar a vida,
tornando presente na história o dom libertador e salvífico de Jesus, sendo
humanizadora e evangelizadora, e deve “tornar presente os gestos e as palavras
de Jesus misericordioso, e que infunde consolo e esperança aos que sofrem”
(GPS, 2010, p. 16). Anuncia o Deus da vida e promove a justiça e a defesa dos
direitos dos mais fracos e dos doentes. Quando Jesus enviou os apóstolos,
mandou que curassem os doentes como sinal inequívoco da presença do Reino,
conforme o Evangelho de Marcos (10,1). Em sua missão de pregar o Reino e curar
os doentes, Jesus reintegrava as pessoas à sociedade.
2.
As dimensões da Pastoral da
Saúde (GPS 91 a 93)
Solidária –
vivência e presença samaritana junto aos doentes e sofredores nas instituições
de saúde, na família e na comunidade (portadores do vírus HIV, Aids,
deficiências, drogados, alcoolizados…). Visa atender a pessoa integralmente,
nas dimensões física, psíquica, social e espiritual.
Comunitária –
visa à promoção da saúde e a educação para a saúde; relaciona-se com saúde
pública e saneamento básico, atuando na prevenção das doenças. Visa à
capacitação de agentes multiplicadores de saúde e à criação de grupos comunitários.
Procura valorizar o conhecimento, a sabedoria e a religiosidade popular em
relação à saúde.
Político-institucional –
atuação junto aos órgãos e instituições públicas e privadas que prestam
serviços e formam profissionais na área da saúde. Participação nas
conferências, nos conselhos municipais, estaduais e nacional de saúde e nas
assembleias, buscando a humanização do sistema de saúde, a fiscalização e a
denúncia quando isso não for possível. Zela para que haja reflexão bioética,
formação ética e uma política de saúde sadia.
IV.
Saúde e Bíblia
Tomando uma
reflexão de Carlos Mesters (1986), vejamos como é tratada a saúde na Bíblia.
O
importante não é a Bíblia nem o que ela fala sobre saúde. O importante é a
vida do povo, nosso povo doente que pede cura; a Bíblia está a serviço
deles. O apelo de Deus não vem da Bíblia nem da situação do povo concreto, mas
da realidade iluminada pela Bíblia. A Bíblia é como um espelho que
toma a luz de Deus e a projeta sobre a realidade do povo. (A luz não vem do espelho,
e sim do sol.) A Bíblia é uma gramática, ajuda a ler os sinais de Deus
presentes na vida do povo: “Eu vim para que todos tenham vida…”. A Bíblia é
relativa, o importante é a vida.
1.
Diferenças na maneira de
encarar a saúde na Bíblia
Não basta relacionar
a Bíblia com a realidade. Não podemos comparar o texto bíblico com a realidade
de hoje. Primeiro é preciso ver as diferenças para depois perceber as
semelhanças. No Antigo Testamento, temos as seguintes concepções:
Saúde
– na Bíblia, a palavra hebraica que melhor expressa o
sentido de “saúde” é shalom, que remete ao pleno bem-estar do ser
humano. Em latim, o termo salus significa ao mesmo tempo saúde
e salvação: implica uma realidade abrangente de liberdade, justiça,
fraternidade e paz. É um bem relacionado ao autor da vida. A saúde, portanto, é
concebida como dom divino.
Doença
– a doença é vista como castigo de Deus pelo pecado e
pela transgressão da aliança (Dt 28,15-46).
Cura
– a cura é vista de uma maneira simplória: rezar,
observar a Lei de Deus, usar remédios (medicina popular), ter moderação e bom
senso (Ecl 31,19-24; 37,27-31). Sendo a saúde concebida como bênção divina, é
natural que o primeiro recurso para a cura de uma doença seja a oração. “Filho,
não te revoltes na tua doença, mas reza ao Senhor e ele te curará” (Eclo 38,9).
Médico
– aparece pouco (Ecl 38,1-15; 2Cr 16,12). Não era bem
visto, uma vez que a convicção predominante é que a cura provém unicamente de
Deus.
Medicina
– a medicina é pouco desenvolvida, menos que no Egito
e na Mesopotâmia, porque o povo da Bíblia era escravo e porque a medicina era
envolvida pela fé e pela magia. Certos tabus impediram avanços na área, por
exemplo: não tocar nos cadáveres, aversão pelo sangue.
2. Semelhanças
dentro das diferenças
Dentro das diferenças,
na maneira de encarar a saúde na Bíblia, há semelhanças para nós hoje. Os
conselhos sobre saúde estão na linha preventiva. A saúde é a melhor riqueza;
alegria é vida (Eclo 30,14-25; 31). A doença é vista também na perspectiva da
situação do povo sofrido. São apontadas causas culturais, sociais, econômicas e
políticas (por exemplo: Jo 24,1-12). A saúde está ligada à observância da Lei
de Deus. Desobedecendo à ordem da vida, quebra-se a harmonia. A preocupação dos
profetas é com os pobres, órfãos, viúvas, estrangeiros, categorias mais
desprotegidas.
3. Ação
dos profetas e saúde do povo
O profeta está
preocupado com a saúde do povo. Quando percebe “cacos” de vidro, ele sente a
quebra da aliança e grita. Só grita quando o equilíbrio foi rompido. A ação do
profeta toca no problema da saúde enquanto ligado ao equilíbrio da justiça,
fraternidade e partilha exigido pela aliança. A ação deles, exigindo a
observância da aliança e das leis, situa-se na linha preventiva.
Para anunciar ou
denunciar, o profeta tem um critério concreto e, de certo modo, duplo:
experiência profunda de Javé, Deus do povo, e experiência profunda da realidade
do povo de Deus. O profeta sente isso como um impulso. Jeremias diz: “é como um
fogo dentro de mim”; “estou bêbado não de vinho, mas da Palavra de Deus. Devo
anunciar”. É um Deus concreto: Deus dos pais, Javé libertador, Memória do Povo.
A experiência se faz misturada com a história pessoal de cada um. Deus não é um
produto de massa, é um Deus pessoal. Deus é como o amor: dá-se todo a todos e a
cada um. O profeta capta o grito calado do povo, é microfone, amplificador.
Trabalho
de saúde é trabalho profético, que denuncia o
pecado – ruptura com Deus que faz a desorganização de tudo. O profeta tem a
experiência do empobrecimento do povo e tem impulso para gritar. A preocupação
de Deus e dos profetas é muito concreta: terra, povo, família, bênção,
condições do povo para viver.
Os profetas
apontam três caminhos de conversão (mudança):
– Justiça – é
quando tudo está no lugar que Deus quer. Então, é preciso combater as causas da
falta de saúde, isto é, as estruturas injustas (organização do poder).
– Solidariedade –
pôr na frente o ideal que se quer. A comunidade deve ser sinal daquilo que Deus
quer.
– Mística – não
neutralizar o grito do pobre. O profeta é peregrino. Ajudar o pobre e o doente
a recuperar sua consciência.
Os três caminhos
estão ligados entre si, e um não é completo sem o outro, embora cada um
ressalte um aspecto particular. Vejamos:
– Justiça sem
solidariedade e sem mística desumaniza o trabalho de evangelização
(sindicalismo).
– Solidariedade
sem justiça e mística é assistencialismo.
– Mística sem
solidariedade e sem justiça ofende o povo, revela um Deus que não se importa
com seu povo. É alienação.
4.
A ação de Jesus e a saúde do
povo
Perdura ainda no
povo a mentalidade do Antigo Testamento: doença como castigo de Deus, médicos
desacreditados.
Os doentes, os
marginalizados aparecem à luz do dia por causa da ação de Jesus. O povo procura
Jesus para ser curado. Os doentes estão no centro da atividade profética de
Jesus. Os doentes agora são os “cacos” da humanidade, que mostram que a vidraça
da aliança se quebrou.
a)
Estrutura – Justiça: Jesus encarava a Estrutura
como a doença de seu povo. A falta de saúde e o pecado não tinham ligação
individualista e moralista. A estrutura é pecaminosa.
b)
Comunidade – Solidariedade: “ao ver a viúva,
ficou com dó”. Jesus era a bondade ambulante. A solidariedade de Jesus não era
só dó, mas apelo à conversão da própria comunidade. Jesus defende os doentes, a
ovelha encurvada, o paralítico, a hemorroíssa… O ato mais solidário de Jesus é
morrer na cruz, como pobre, doente, abandonado. Morre como o povo pobre e
grita: “Meu Deus, por que me abandonaste?”. O Pai atende o grito do pobre, Deus
vai escutá-lo.
c)
Consciência – Mística: “Não pôde fazer
milagres por falta de fé” (Mc 6,5). É importante que o doente também descubra
sua missão e a tremenda força libertadora do sofrimento. Jesus veio trazer a
vida plena e feliz; de outro lado, manda carregar a cruz cada dia. Isso tem a
ver com a renovação da consciência do próprio doente. A mística do servo
sofredor: Mt 12,15-21; Mt 8,1; Jo 1,29. Os doentes devem ser portadores de nova
consciência e não apenas receptores de uma cura. “Eu vim para que todos tenham vida”
(Jo 10,10).
Assim, os agentes
de Pastoral da Saúde são chamados a ser profetas: apelo à mudança (conversão);
não se conformar (Deus não quer!); ter indignação ética. As Campanhas da
Fraternidade específicas sobre a saúde – ao lado de todas as outras, já que
todas têm um referencial na saúde, entendida de maneira ampla – devem ajudar os
agentes de Pastoral da Saúde nos desafios para que o povo tenha saúde!