Neste ano de 2018,
celebra-se o Ano Nacional do Laicato então a Paróquia Nossa Senhora do Carmo,
realizará durante cada mês até novembro de 2018 um mês dedicado a uma Pastoral
ou Movimento pertencente à Paróquia. No qual será uma conscientização,
esclarecimentos e informações, além de ter uma missa em ação de graças aos
membros da pastoral ou movimento.
No de mês de Março,
dedicamos um mês em Ação de Graças aos membros da Pastoral Litúrgica.
Data da Missa em ação de Graças para os membros da
Pastoral:
- Pastoral
Litúrgica – 17 de Março de 2018 às 19h.
1. O que é uma equipe?
No nosso dia a dia, de uma forma ou de outra,
estamos sempre envolvidos em equipes.
Mas o que é mesmo uma equipe? Podemos dizer
que uma equipe é um conjunto de pessoas que se dedicam à realização de um mesmo
trabalho. São pessoas que lutam juntas por um objetivo, de modo que possam
alcançá-lo com maior rapidez.
No ambiente de trabalho, a equipe é um grupo
de pessoas com habilidades complementares que trabalham em conjunto para
alcançar um propósito comum pelo qual são coletivamente responsáveis.
Uma equipe de trabalho poderá atingir alto
nível de desempenho em termos de produtividade e qualidade, desde que seus
membros sintam satisfação com suas tarefas e sua comunicação seja adequadamente
eficaz.
É preciso ter objetivos e metas comuns para
alcançar os resultados esperados.
2. Equipe de liturgia: exigência da renovação litúrgica proposta
pelo Concílio Vaticano II
O papa João XXIII solenemente deu início ao
Concílio Vaticano II, atendendo à voz do Espírito que impelia à abertura de
portas e janelas para a entrada de novos ventos na Igreja. Esse grande
acontecimento do Espírito do Senhor, seguido pelas Conferências de Medellín
(1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007), marcou a vida e
a missão da Igreja.
O concílio propôs uma volta às origens,
redefinindo a liturgia como cume e fonte e como lugar privilegiado da
experiência de salvação realizada pelo mistério pascal de Cristo Senhor, centro
e mediador da história salvífica. Uma liturgia celebrada de forma ativa, plena,
consciente e frutuosa por todo o povo de Deus, povo sacerdotal (sacerdócio
comum e ordenado) que possui costumes, língua e riquezas culturais muito
próprias (cf. SC 5-8; 10.14).
O Concílio Vaticano II mudou também o
conceito e o jeito de ser da Igreja. Lembrou à Igreja que ela é povo de Deus. A
Igreja é o povo de Deus, corpo de Cristo, do qual ele é a cabeça.
A Igreja é então constituída por um povo de
batizados. O concílio valorizou ainda o sacerdócio comum dos fiéis, ressaltando
que todo o povo de batizados participa do sacerdócio de Cristo. Também destacou
a diversificação dos ministérios litúrgicos como expressão da Igreja-comunhão,
Igreja corpo de Cristo, em que cada membro tem a sua tarefa específica em
função do bem comum da comunidade.
As mudanças provocadas pelo Vaticano II nos
princípios teológicos das mais diversas áreas da vida eclesial (teologia
litúrgica, eclesiologia etc.) tiveram repercussão na prática da Igreja.
Por exemplo, sendo a Igreja todo o povo de
Deus, nas celebrações todos devem participar. O concílio pede: “Nas celebrações
litúrgicas, cada qual faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas
normas litúrgicas lhe compete” (SC 28). Ninguém deve acumular funções na
liturgia (SC 28-29). Cada membro é sujeito e tem a sua função específica em
favor do bem comum da comunidade.
3. Equipe de liturgia: o que e para quê?
Primeiramente, vale dizer que, para o bom
funcionamento de um trabalho, é preciso haver organização. A liturgia não foge
à regra, pois necessita de uma equipe de liturgia dedicada, atenta e disposta a
servir…
Em segundo lugar, sendo a liturgia uma ação
comunitária, pressupõe uma assembleia reunida com uma diversidade de
ministérios exercidos por pessoas com dons e carismas distintos e
complementares. Por sua natureza comunitária, a liturgia necessita do serviço
de equipes que, em nome da comunidade eclesial, planejem sua vida litúrgica,
preparem e avaliem as celebrações e qualifiquem os ministros e servidores para
eficiente e eficaz desempenho de suas funções.
Supõe trabalho comunitário e participativo na
comunidade. A equipe não é “tarefeira”, mas de reflexão, estudo e ação. A marca
registrada da equipe é o serviço dedicado, abnegado, inteligente e gratuito.
Uma ação concreta em favor do bem comum, numa verdadeira mística de serviço.
A equipe de liturgia é, então, o coração e o
cérebro da pastoral litúrgica da vida da Igreja (regional, diocesana, paroquial
e comunitária).
Entendemos “pastoral” como atividade do
pastor, que leva seu rebanho a verdes pastagens, a águas frescas, que defende
as ovelhas contra os perigos, contra lobos e ladrões, assim como fez Jesus, o
“Bom Pastor”. Ter esse espírito “pastoral”, ou seja, de “pastor” que dá a vida
por suas ovelhas, é próprio de todos os seguidores e seguidoras de Jesus
Cristo, principalmente de quem está servindo em uma pastoral.
As equipes de liturgia são, em primeira mão, as responsáveis pela
pastoral litúrgica. Essa ação eclesial tem por objetivo imediato a participação
ativa, consciente e frutuosa dos fiéis na celebração e por finalidade, a
edificação do corpo de Cristo mediante a santificação das pessoas e o culto a
Deus. Na edificação do corpo de Cristo, a pastoral litúrgica colabora com a
edificação de toda a humanidade e da criação inteira, conforme afirma Medellín:
“A celebração litúrgica coroa e comporta um compromisso com a realidade humana…
e com a promoção” (9,4). Isso significa que também os membros da pastoral
litúrgica devem visar à transformação do mundo em Reino de Deus.[1]
A pastoral litúrgica no Brasil é organizada
em três setores: o setor da celebração propriamente dito (mais conhecido como
pastoral litúrgica), o setor de canto e música litúrgica, o setor do espaço
litúrgico e da arte sacra.
A pastoral litúrgica implica ainda cuidados com a preparação, a
realização e a avaliação das celebrações, com a formação do povo e dos
ministros e também com a organização da vida litúrgica nos vários níveis eclesiais.
Como escreve Pe. Gregório Lutz: “Esta divisão corresponde, portanto, a um
tríplice objetivo da pastoral litúrgica, que é promover celebrações autênticas,
a formação litúrgica, a organização da vida litúrgica”. Esses três objetivos,
como afirma Pe. Gregório, encontramos na organização da Constituição Sacrosanctum Concilium do
Vaticano II: dos números 5 a 13 o documento trata da celebração litúrgica, dos
números 14 a 29 da formação de seus agentes e dos números 41 a 46 da
organização da pastoral litúrgica.[2]
Podemos então concluir que uma equipe de
liturgia (regional, diocesana, paroquial e comunitária) deve ser constituída
levando em conta os três setores (o setor da celebração propriamente dito, mais
conhecido como pastoral litúrgica, o setor de canto e música litúrgica, o setor
do espaço litúrgico e da arte sacra). Essas equipes cuidam da vida litúrgica,
animando-a e articulando-a, com atenção às celebrações, à formação e à
organização.
4. Equipes de liturgia em diferentes níveis
4.1. Em
nível nacional
Para “favorecer a ação pastoral litúrgica na
Igreja” (SC 43), o concílio determina uma estrutura organizacional: uma
Comissão Litúrgica Nacional assistida por especialistas em liturgia, música,
arte sacra e pastoral, com a missão específica de orientar, na sua região, a
ação pastoral litúrgica e promover os estudos e as experiências necessárias
sempre que se trate de adaptações a serem propostas à Sé apostólica (SC 44).
No Brasil temos a seguinte organização:
existe a Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia, constituída por três
bispos. Eles são assistidos por assessores(as) de três setores: arte sacra e
espaço celebrativo, música litúrgica e pastoral litúrgica. Cada setor é ainda
assessorado por uma equipe de reflexão, constituída por liturgistas, músicos,
arquitetos e artistas, ou seja, por especialistas nas áreas específicas.
A Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia
tem por objetivo acompanhar, incentivar e promover a vida litúrgica, sua
renovação e sua inculturação por meio da articulação com os regionais, visando
à formação litúrgica em todos os níveis e ao sólido aprofundamento teológico
das celebrações, para que elas contribuam para a maturidade das pessoas e das
comunidades em Cristo, tendo em vista a construção do Reino de Deus.
4.2. Em
nível regional
Há também um bispo responsável em cada
regional que conta com a colaboração de um(a) coordenador(a), cujas atribuições
são desenvolvidas com a ajuda de uma equipe que organiza e anima a vida
litúrgica do regional, no que diz respeito à pastoral, à arte sacra e espaço
litúrgico e à música litúrgica.
4.3. Em
nível diocesano
O Concílio Vaticano II pede: “(…) haja, em
cada diocese, a comissão de liturgia sacra, para promover a ação litúrgica, sob
a orientação do bispo. Poderá, às vezes, ser oportuno que várias dioceses
formem uma só comissão para promover em conjunto a ação litúrgica” (SC 45). E
ainda: “Além da comissão de liturgia sacra, instituam-se em cada diocese, se
possível, também comissões de música sacra e de arte sacra. É necessário que
essas comissões trabalhem em conjunto, e não raramente será oportuno que se
unam numa só comissão” (SC 46).
Em 26 de setembro de 1964, a 1ª Instrução Geral Inter Oecumenici sobre
a aplicação da constituição conciliar detalhava as tarefas para as Comissões de
Liturgia Nacional e Diocesana, orientações que conservam ainda todo o seu
valor. Em resumo, são as seguintes: 1) conhecer o estado da ação pastoral
litúrgica na diocese (ver); 2) pôr em prática a reforma litúrgica (animar); 3)
sugerir aos presbíteros iniciativas práticas para fomentar a liturgia
(assessorar); 4) fazer um planejamento progressivo de ação pastoral litúrgica e
recorrer à assessoria de pessoas competentes (planejar); 5) fazer a pastoral
litúrgica caminhar em colaboração com os que trabalham no campo da Bíblia, da
catequese, da pastoral, da música e da arte sacra, bem como com todas as
associações de leigos (pastoral de conjunto).
4.4. Em
nível paroquial
A equipe de liturgia, imbuída da mística de
serviço e comprometida com a paróquia, exerce um serviço bem mais concreto e
prático: organiza toda a vida litúrgica nas comunidades (celebração aos
domingos — eucarística ou da Palavra —; celebrações dos sacramentos,
sacramentais e outras); garante um processo que atua no conjunto da pastoral da
paróquia e na formação litúrgica de todos; acompanha os animadores das
celebrações; prepara subsídios de apoio; garante que a equipe esteja a serviço
das comunidades; delega representante para a formação diocesana; prepara as
celebrações em âmbito paroquial; providencia para que a liturgia seja
dignamente celebrada; imprime a espiritualidade litúrgica nas comunidades, nos
movimentos, no presbitério, enfim, em toda a pastoral diocesana.
4.5. Em
nível comunitário
Com uma atuação bem localizada, a equipe de
liturgia da comunidade: promove e cria celebrações inculturadas; acompanha as
equipes de celebração e toda a vida litúrgica da comunidade; atua em sintonia
com a equipe paroquial; providencia para que a liturgia seja dignamente
celebrada.
5. As equipes de celebração
Estas são encarregadas diretamente das celebrações da palavra de Deus,
da eucaristia (missas), do batismo, do matrimônio, das exéquias e das bênçãos
nas paróquias e comunidades. Dessas equipes, especialmente, fazem parte os
leitores, os ministros da sagrada comunhão eucarística, os recepcionistas, os
salmistas, os cantores e instrumentistas, os animadores, o comentarista e os
ministros que presidem etc.[3]
6. Como constituir uma equipe de liturgia
É necessário fazer a distinção: uma coisa é a
equipe que pensa a vida litúrgica da comunidade, paróquia, diocese ou regional,
outra é a equipe que atua diretamente em uma celebração litúrgica específica.
Podemos afirmar que os principais serviços de uma equipe de liturgia
são: animação da vida litúrgica, planejamento, coordenação, formação,
assessoria e avaliação.[4]
Primeiramente, a equipe deve ser constituída
por pessoas que de fato amam e vivem a liturgia. Exige carisma e dom. Exige
ainda conhecimento, uma formação básica ou mais aprofundada.
Na verdade, não há uma regra única. Vai
depender de cada realidade. A diversidade de carismas e dons enriquece a
equipe.
Algumas práticas já comprovam que o critério
de representatividade não deve ser a única possibilidade.
Em linhas gerais, existem alguns caminhos
para constituir uma equipe de liturgia:
— Iniciar com um curso, para depois engajar
as pessoas na prática;
— Ir dando responsabilidades de acordo com o
carisma de cada pessoa (acolhida, canto, organização etc.);
— É preciso alguém tomar a iniciativa para
dar início a uma equipe. Geralmente o apelo vem da realidade;
— É importante que a equipe tenha uma legitimação da autoridade competente
(bispo, padre etc.).[5]
Bem constituídas, as equipes de liturgia vão
exercer seu serviço com atenção às celebrações, à formação e à organização,
lembrando que canto-música e arte-espaço celebrativo são partes intrínsecas da
liturgia.
7. Por uma celebração em que todos participem do mistério da
salvação, cujo centro é o mistério pascal de Jesus Cristo
A liturgia é celebração da história da
salvação, que tem como centro e plenitude o mistério pascal de Cristo (cf. SC
5-6).
“Deus quer salvar e fazer chegar ao conhecimento da verdade todos os
homens…”: assim se inicia o número 5 da Sacrosanctum
Concilium. Todo o Primeiro Testamento é grande canto e imensa
narrativa das ações do Senhor em favor da salvação do povo eleito (=
liturgia!). A experiência do êxodo é típica e paradigmática. Deus foi sendo
descoberto sempre mais intensamente, sobretudo pelos sábios e profetas, como
aquele que, com fidelidade e eterna misericórdia (Sl 135), opera a salvação do
povo. Um Deus libertador, solidário, misericordioso, fiel, um Deus perdão, um
Deus que ama a vida do seu povo, um Deus que tudo faz para que o povo tenha
salvação, isto é, vida plena[6]. Assim, Deus preparou através dos tempos o caminho
do evangelho.
Então, o jeito de Deus como perfeição da liturgia tornou-se bem claro
para nós na plenitude dos tempos, isto é, com Jesus Cristo e o seu mistério
pascal. Deus Pai nos prestou este grande serviço: deu-nos o Filho. Aí está: a
liturgia do Pai nos oferece o Filho![7]
É na paixão, morte e ressurreição de Jesus
que aparece de maneira acabada a liturgia divina: “Cristo Senhor,
principalmente pelo mistério pascal de sua sagrada paixão, ressurreição dos
mortos e gloriosa ascensão, completou a obra da redenção humana e da perfeita
glorificação de Deus, da qual foram prelúdio as maravilhas operadas no povo do
Antigo Testamento” (SC 5).
Nascendo do lado aberto de Cristo (cf. SC 5),
do seu mistério pascal, a Igreja, impulsionada pelo Espírito Santo, nunca mais
deixou de se reunir para fazer memória desse mistério tão grande, escutando a
Palavra e celebrando a eucaristia, na certeza da presença de Cristo, pois ele
está presente em sua Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas… No sacrifício da
missa (na pessoa do ministro) e, sobretudo, sob as espécies eucarísticas…
Presente está pela sua força nos sacramentos… e pela sua palavra… Está presente
quando a Igreja ora e salmodia… (cf. SC 7).
O memorial da liturgia divina se dá também
nos outros sacramentos, nos sacramentais, nas celebrações da Palavra e em
tantas outras celebrações em nome do Senhor. Toda liturgia constitui uma ação
sagrada, feita de sinais sensíveis, que nos remete à experiência do mistério de
Cristo, de modo que é importante a celebração da Liturgia das Horas (SC, cap.
IV), do Ofício Divino das Comunidades, como também o ano litúrgico (SC, cap.
V), a música (SC, cap. VI), o espaço litúrgico e a arte sacra (SC, cap. VII).
Pela ação ritual, participamos do mistério
pascal, que nos faz morrer e ressuscitar, dia a dia, em Cristo. Nossa vida e
história são vida e história de Cristo glorioso — nosso sofrer e vencer são
participação na morte e ressurreição de Cristo, na sua páscoa. Somos tocados
pelo mistério. A liturgia divina se comunica a nós pela memória que dela
fazemos. E como isso se dá? De maneira sensível, a saber, em comunhão com todos
os nossos sentidos, valorizando as expressões simbólicas e culturais da
comunidade humana que celebra. As ações simbólicas realizam aquilo que
significam. Assim, em verdadeiro diálogo amoroso, a comunidade celebrante,
corpo místico de Cristo, é santificada e, com profunda gratidão, glorifica o
Senhor da vida e da História.
A nossa celebração se tornará sempre mais
verdadeira e autêntica se for expressão de uma vida agradável a Deus. Dizendo
“sim” a Deus, à sua vontade e à sua obra, e sobretudo celebrando na liturgia
esse nosso “sim” vivido, estamos levando a efeito a salvação. E dessa forma,
antegozando a liturgia celeste, vamos vivendo/celebrando e contribuindo para a
transformação do mundo em Reino de Deus, até a vinda definitiva do Senhor Jesus
(cf. SC 8).
8. Por uma formação litúrgica adequada
Na dinâmica da Sacrosanctum
Concilium, encontramos a formação como condição para a participação
na liturgia e para a concretização da renovação litúrgica conciliar. Esta deve
ser iniciada pelos pastores/padres (cf. SC 14), que serão formados nos
seminários, nas casas religiosas e nos institutos de teologia por professores
devidamente preparados (cf. SC 15). Não basta, porém, a formação acadêmica; é
necessário que os pastores estejam imbuídos do espírito e da força da liturgia
e dela se tornem mestres (cf. SC 14).
A liturgia deve ser fonte da vida espiritual
dos presbíteros e seminaristas. Participem dela de todo o coração tanto pela
própria celebração quanto pelos outros exercícios de piedade. É preciso também
aprender a observância das leis litúrgicas, para que a vida nos seminários seja
impregnada do espírito litúrgico (cf. SC 17).
Enfim, todos os pastores bem formados se
empenharão em proporcionar adequada formação para todo o povo e,
particularmente, para os que exercem serviços e ministérios. Essa formação se
dará por meio de cursos, escolas etc., bem como com o próprio exemplo (cf. SC
19).
Os meios de comunicação (rádio e televisão…) também formam. Não é por
acaso que a Sacrosanctum Concilium,
falando de formação, afirma: “As transmissões por rádio e televisão das funções
sagradas, particularmente em se tratando da santa missa, façam-se com discrição
e decoro” (SC 20).
Depois de recordarmos os dizeres do Concílio
Vaticano II sobre a formação, podemos perguntar: na nossa realidade de Brasil e
América Latina, como será a formação litúrgica?
Vamos partir do princípio de que é preciso “uma formação litúrgica
integral, envolvendo todas as dimensões do ser humano e todas as dimensões da
liturgia: a ação ritual, seu sentido teológico, sua espiritualidade. (…) Nesta
formação estamos incluindo a música e a organização do espaço litúrgico”[8].
A formação litúrgica é
um processo pedagógico, tendo por objetivo final a participação
ativa, exterior e interior, consciente, plena e frutuosa de todo o povo de Deus
nas celebrações litúrgicas, ou seja, a vivência do mistério de Cristo através
da participação na ação ritual. Para atingir a pessoa humana como um todo, é
preciso operar com a dimensão corporal, relacional, intelectual, afetiva,
intuitiva, imaginária, simbólica e experiencial da mesma.[9]
Para uma formação litúrgica eficaz, é preciso
levar em conta a metodologia. Quando se trata de formação litúrgica, a
metodologia mais indicada é a participativa, sobretudo se está claro que tipo
de liturgia se quer reforçar ou alcançar.
A metodologia da formação litúrgica requer ainda um programa ou projeto
que responda às seguintes questões: O quê? Com quem? — agentes e destinatários.
De onde e para onde? — ponto de partida (realidade dos participantes no
contexto sociocultural) e o ponto de chegada almejado (objetivos). Por quê? —
finalidades, justificativas. Como? — etapas, métodos e técnicas. O quê? —
conteúdos. Quando? — tempo, duração. Onde? — local, ambiente. Quem? O quê?
Quanto? — recursos humanos, materiais e financeiros. Por fim, execução,
acompanhamento da ação e avaliação.[10]
Falando ainda em metodologia, é importante produzir conhecimento em
mutirão, utilizando o método ver, julgar e agir. A observação
participante, o laboratório litúrgico e vivências rituais são técnicas
apropriadas para aprender liturgia, já comprovadas pela prática. Vale ressaltar
ainda o método mistagógico: do rito à teologia. Contribui também a leitura
orante, o processo de preparação, realização e avaliação das celebrações
litúrgicas. No espaço deste artigo não há como especificar todos esses itens.
Para maior aprofundamento, ver publicações existentes.[11]
9. Por melhor organização e funcionamento da equipe
Bom começo para o processo de planejamento da
equipe de liturgia é a elaboração do calendário de atividades, no qual são
previstas as atividades relacionadas aos tempos e festas do ano litúrgico;
datas e festas da paróquia ou da comunidade; datas especiais e reuniões da
equipe de liturgia; atividades relacionadas à catequese, à pastoral do batismo
etc.
Oportuno meio para articular o serviço da animação da vida litúrgica de
uma paróquia, diocese ou regional é o plano de ação da equipe de liturgia. Um
plano benfeito e realista permite caminhar com maior segurança, sabendo aonde
se quer chegar. Existem diferentes modos de elaborar um plano. O mais
importante é começar a planejar o rumo e as atividades que vão garantir o
verdadeiro serviço de pastoral litúrgica. A própria ação de elaborar o plano ou
o calendário de atividades constituirá um exercício de comunhão e de participação.[12]
É importante utilizar a dinâmica
ação-reflexão-ação. Revela-se necessário que todos os participantes da equipe
sejam sujeitos da ação que a equipe desenvolverá.
9.1. Passos para a elaboração do
planejamento
• Ver a realidade — antes de qualquer passo,
é importante que a equipe conheça a realidade, e isso em qualquer nível.
• Discussão em equipe para:
— estabelecer objetivos (gerais e
específicos);
— eleger prioridades;
— elaborar um cronograma de atividades: o
que, quando, quem, onde e quanto. Aqui vemos a importância da elaboração de um
calendário litúrgico-pastoral;
— determinar recursos (humanos, materiais e
econômicos);
— definir o método de avaliação.
• Redigir o Plano de Pastoral Litúrgico;
planejamento (calendário litúrgico): prever tudo com antecedência.
• Execução do Plano de Pastoral Litúrgico.
• Avaliação e retomada do plano de pastoral.
É importante ter organização e uma
coordenação que busque alcançar os objetivos do trabalho da equipe e garanta a
participação de todos. Convém haver acompanhamento por parte de uma liderança.